por Vamoss
Publicado 4anos, 4mesesatrás
Antes, como todo debate em torno do encantamento tecnológico, é preciso entender que a visão computacional é amplamente utilizada para fins militares. Isso significa dizer que o uso desta tecnologia tem ajudado a ceifar vidas, e como todo programa de computador está sujeito a falhas de algoritmos(bugs) e intenções humanas.
A imagem de capa é uma instalação de fotos de crianças mortas por drones no Paquistão, do projeto #NotABug. A instalação foi projetada de modo que os pilotos de drones, e as equipes responsáveis por sua operação, pudessem ver o rosto de suas vítimas pelas imagens de satélites ou por drones.
A tecnologia é neutra? Penso que sim, cabe aplicar o julgamento moral a forma como a utilizamos, que aí sim pode ser boa ou ruim. Para sair do estado de medo, resultado da passividade diante do desconhecimento, nada melhor do que buscar entender essa tecnologia, e assim nos empoderar para fazer parte do debate de forma consciente e ativa. Vamos lá...
A visão computacional(do inglês computer vision) é o que torna possível os computadores enxergarem. É um campo da ciência da computação dedicado ao reconhecimento de características de uma imagem, que vão de características como cores, até características imperceptíveis à humanos.
Até pouco tempo estes algoritmos eram escritos com algoritmos determinísticos, porém, com o advento dos algoritmos de aprendizado de máquina (do inglês machine learning), a visão computacional se beneficiou de algoritmos cognitivos, tornando possível treinar rapidamente o computador para reconhecer padrões.
A visão computacional está em todo lugar(ubiquidade), do exame médico que analisa seu sangue, aos telescópios que analisam estrelas muito além das estrelas visíveis à olho nu. Esta página concentrou-se em resgatar os diferentes usos da visão computacional para com o corpo, seja o corpo privado, público ou anônimo.
Como se proteger do roubo de digitais?
Vídeo de 2012!
Exemplo de uso no monitoramento do batimento cardíaco e respiração.
Este uso monitora eventos (fora da normalidade) em tempo real.
O uso da máscara não é apenas um indicativo da qualidade do ar, mas uma vontade de se esconder.
Pessoas criativas tem utilizado esta tecnologia para expressão artistica. Abaixo ilustramos com alguns exemplos.
As deep fakes misturam técnicas de aprendizado de máquina(machine learning) auxiliados por algoritmos de visão computacional para extrair, treinar e reposicionar o rosto.
Diante da evidente ubiquidade do uso da visão computacional, se faz necessário a construção de um debate que busque proteger nossa privacidade.
O corpo está exposto em todas as camadas, exposto ao estado, ao consumo, à qualquer intenção... utilizado não apenas para identificar, mas para copiar/clonar identidades, prever tendências e influenciar comportamentos.
Como podemos trazer esse debate de forma pública? Quando vamos ter o direito de escolher o que queremos expor? E em que condições queremos expor? Esse debate acontece de forma silenciosa, entre lobistas e políticos, criando/mudando/apagando leis.
Apresentamos exemplos onde artistas, designers, arquitetos, cientistas tem utilizado criativamente estas tecnologias, colaborando com a ampliação deste debate, despertando para a curiosidade, democratizando este conhecimento e trazendo reflexões para a esfera popular.
Reformulando o livro 1984, romance distópico de George Orwell, "deve haver um lugar na floresta sem câmeras onde possamos fazer amor".
Sorrisos artificiais:
https://twitter.com/fusikky/status/1279986803060047872
Ativistas utilizam reconhecimento facial para identificar policiais sem os nomes no uniforme:
https://futurism.com/the-byte/activists-build-facial-recognition-id-cops-hide-badges