por Vamoss
Publicado 3anos, 6mesesatrás
O PCD 2021 Brasil ocorreu entre os dias 11 e 17 de Abril de 2021, e contou com workshops para iniciantes e entusiastas, artigos, apresentações e uma exposição online de trabalhos de arte eletrônica e computacional. O evento foi gratuito e a participação garantida mediante inscrição online.
Site do evento disponível em: https://pcd.encontrosdigitais.com.br/
A memória do evento foi registrada por meio de transmissões ao vivo no YouTube, e podem ser acessadas no canal Processing Community Day Brasil.
Todo ano tem Processing Community Day, ou Dia da Comunidade de Processing. Um evento mundial onde a comunidade de artistas-programadores organizam atividades de forma autônoma em suas cidades e países.
O primeiro PCD aconteceu em 21 de outubro de 2017 no MIT Media Lab e teve a participação de mais de 200 pessoas no espaço naquele dia. E desde então tem se espalhado por cada vez mais cidades.
No Brasil algumas edições já aconteceram a partir de 2019:
Neste ano, ainda em contexto de pandemia e isolamento social, comunidades de diversas cidades brasileiras se reuniram para organizar o primeiro PCD nacional, com o intuito de integrar e descentralizar a comunidade de artistas-programadores.
O Processing Community Day acontece com incentivo da fundação Processing.
Missão da Processing Foundation
"Promover literacia(capacidade de ler, escrever, compreender e interpretar) software no contexto das artes visuais, e literacia com os campos relacionados à tecnologia. E fazer esses campos mais acessíveis para uma comunidade diversa. Nosso objetivo é empoderar pessoas de todos os interesses e trajetórias para aprender a programar e fazer projetos criativos com código, especialmente quem não teria condições de acessar essas ferramentas e recursos."
https://processingfoundation.org/
A Processing Foundation desenvolve e distribuiu também o Processing(Java), o p5.js(JavaScript) e o Processing (Python), bibliotecas gráficas amplamente utilizada pela comunidade.
Artistas-programadores são pessoas que utilizam o código como um meio de expressão. A criação de suas próprias ferramentas e soluções algorítmicas são características da prática do artista-programador. E o resultado dessa prática é uma produção artística diária, ampla, colaborativa e diversa.
A comunidade é reconhecida por uma cultura de compartilhamento de código/arte/conhecimento, que é influenciada pela filosofia do movimento pelo software livre. Esta cultura de compartilhamento ajuda a compreender a generosidade observada nas trocas que acontecem na comunidade.
https://www.youtube.com/watch?v=Pz5MQ8DTvKI
Somos voluntários, pessoas que dedicam seu tempo livre para organizar a edição brasileira e colocar o Brasil e os brasileiros como participantes do PCD dentro de uma perspectiva solidária global.
Nos conhecemos através dessa troca de arte e código, e nos conectamos para fortalecer o que antes eram esforços separados.
A organização do evento é como um processo de ensino e aprendizado, estamos trocando conhecimento, estamos criando juntos, estamos aprendendo a fazer. Há uma sensação de que depois disso tudo teremos uma comunidade ainda mais ativa. Há várias ideias de projetos surgindo a partir dessa troca. Projetos como documentário e rede institucional estão encontrando espaço para nascer.
A realização do evento foi possível graças a colaboração de: Adson Bryto, Alexandre Villares, Bárbara Castro, Claudio Esperança, Cristiano Figueiró, Guilherme Ranoya, Gisele Andrade, Guilherme Vieira, Gustavo Mandolesi, Introscopia, Mayara Antunes, Mônica Rizzolli, Rodrigo Junqueira, Rodrigo Rezende, Sérgio Venâncio, Uriá Fassima e Vamoss.
O processo criativo fluiu através de um processo colaborativo e experimental. As conversas iniciaram a partir do conceito "Descentralização" em busca do desejo de representar a abrangência nacional desta edição.
Entre referências de técnicas e estéticas, o efeito Moiré apareceu em diversos momentos, e foi se desdobrando em uma malha composta por cores e frequências.
"Um padrão moiré é um padrão de interferência criado, por exemplo, quando duas grades apresentam movimento relativo entre si em referência a um observado"
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padr%C3%A3o_moir%C3%A9
A sobreposição de frequências, ou o encontro de linhas, criaram padrões e formas, ao mesmo tempo esses padrões vão se alterando e compõe uma espécie colcha de retalhos digital, semelhante à ideia de Colcha de Retalhos de Darcy Ribeiro, obra chave de para entender a formação étnica e cultural do Brasil.
É claro que esse processo não foi alcançado de forma objetiva, apesar de rápido, o processo experimental envolveu conversas, referências, rascunhos, num vai e vem que é observável também na prática da programação criativa.
Em alguns momentos o efeito Moiré funcionou de forma oposta ao desejado, criando justamente um efeito ótico de centralidade.
Houve um salto significativo a partir das contribuições dos estudos de Uriá Fassina e estudos de Guilherme Vieira.
A partir destes estudos iniciais e do consenso quanto a paleta de cores, Guilherme Vieira criou este sketch:
O código possibilitou não apenas pensar uma identidade visual interativa e generativa, permitiu criar também ferramentas que facilitaram a produção de peças para comunicação, como o Gerador de Postagens feito por Rodrigo Junqueira: https://processing-brasil.github.io/PCD-Brasil-2021-Gerador-Postagens/
Houve uma tentativa de criação de filtro de instagram utilizando o ShaderToy por Vamoss, mas o filtro foi concretizado em SparkAR por Vieira: https://www.instagram.com/stories/highlights/17865721232457462/
A construção do vídeo "O que é a comunidade de Processing para você?" envolveu múltiplas disciplinas. A edição e direção foi realizada por Rodrigo Junqueira. A trilha foi composta/programada por Bernardo Fontes e Vinícius Padilha. Trecho do código da música em FoxDot:
O código do filtro em Processing utilizado para produção do vídeo foi criado em conjunto por Guilherme Vieira, Mônica Rizzolli e Vamoss: https://github.com/Processing-Brasil/PCD-Brasil-2021-FiltroVideo
A tradução para inglês foi realizada por Alexandre Villares, e a tradução para japonês por Deconbatch.
A Galeria Virtual também foi resultado de um esforço coletivo, horizontal e aberto. A partir de uma discussão sobre possíveis plataformas que dariam suporte a galeria virtual, o professor Claudio Esperança apresentou a galeria virtual criada em sua aula de computação gráfica.
As obras foram recebidas por meio do formulário de inscrição, e não houve seleção posterior, todas as obras recebidas foram exibidas. Estas obras foram posteriormente organizadas espacialmente por temas e estéticas por Bárbara Castro.
O resultado da galeria pode ser visto no endereço: https://pcd.encontrosdigitais.com.br/galeria/
Além dos já mencionados, a galeria virtual também é resultado das contribuições de Guilherme Vieira, Rodrigo Rezende, Sérgio Venâncio e Vamoss.
O PCDBR21 foi um grande marco para a comunidade brasileira de artistas-programadores, realizar nestas dimensões foi algo extraordinário. O coletivismo, a generosidade, o trabalho voluntário é uma grande marca das pessoas que fazem parte dessa comunidade.
Foi um passo importante para ampliar essa comunidade em direção a diversidade e abrangência. Entendemos que a constituição de redes na internet é caracterizada por bolhas, e romper essas bolhas exige um trabalho constante. Fizemos o nosso melhor para levar conhecimento até onde foi possível.
E fizemos tudo isso porque sua participação importa, agora você pode compartilhar o que achar pertinente na sua rede. Sinta-se a vontade para somar nos canais de discussões espalhados pela internet: